domingo, 2 de novembro de 2008

Vamos, dê-me um bom motivo. 

Não quero fatos. 
Quero argumentos, contrários e mistérios. 

Não quero verdades e provas. 
Quero certezas, dúvidas e cumplicidade. 

Não quero um passado nem um futuro. 
Quero um presente,  surpresas e momentos.

Não quero uma vida.
Quero apenas fazer parte.

Não quero um conto de fadas.
Quero o meu principe encantado para dividirmos as nossas realidades, e delas fazermos o nosso porto seguro.

Eu não quero um bom motivo, quero só as boas intenções.

E afinal, onde deixamos escondidos o nosso romantismo?

sábado, 1 de novembro de 2008

acordo no meio do sonho sem saber se é dia ou se já anoiteceu, se o dia ainda é o mesmo, ou o seguinte; sem saber as horas, pra onde vou, com quem vou ou se vou; sem saber como acende a luz, em que lado da cama está o chão, e onde está o celular. e afinal, por que o despertador pela vigésima vez não tocou? cadê o meu chinelo? e quais são mesmo as aulas da faculdade? por que minha mãe tirou a toalha do meu banheiro? e que horas são mesmo?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Oi.

Voltei por não saber o caminho de volta para casa. Ora, não há necessidade de cobranças... Afinal, eu sempre volto. Também não quero começar com explicações, dê-me ao menos um tempo para a minha própria coerência se organizar em pensamentos para então conversarmos.

Voltarei, só não precisa esperar. Gosto do imprevisível, do improvável e do inesperado. Deixe, portanto, as regras e a boa educação de lado, ao menos quando diga respeito a mim. ;)

domingo, 28 de setembro de 2008

Deixei para lá.
O que?
Um pouco de tudo.
Juntei as preocupações com as angustias, guardei algumas lembranças na gaveta e colori algumas outras. Lembrei de mim, tratei de esquecer... depois lembrei de novo, e sempre me relembro a cada vez que falo, que penso, que não faço nada ou que apenas existo.
Briguei com os estudos, desisti dos amores, desliguei a luz e quis ir dormir. Mas os pensamentos se ligaram: os anjos, os jardins, os sonhos e as idéias passeavam incansavelmente entre aquele estado de quase-dormindo e quase-acordada. E agora?
Eu quis deixar pra lá e também quis pensar mais um pouco. Mas em qual lugar em troquei o direito pelo esquerdo? Adormeci.

E vivo adormecida até hoje, deixando para lá tudo o que não diga respeito a mim mesma, e guardando só pra mim tudo de melhor que eu tenho nesse mundo.

Deixei para lá.
O que?
De tudo, um pouco.
Hoje, levo comigo o essencial, o significado de tudo, a magia dos poucos, as palavras de alguns, e o maior amor do mundo.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sensação estranha: parece que eu esqueci de pôr algo dentro da mala. Sempre tenho esse pressentimento, mas na maioria das vezes não passa disso.
E dessa vez?

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Durmo só nas primaveras e deixo apenas algumas lembranças vivas na memória.Sou a mestre do esquecimento e sempre morro de sono antes de ir pra faculdade.Odeio descer escadas, e só sei travessar a rua segurando a mão de alguém.Admiro e conservo uma boa cia., mas não sou movida a sua existência: desde cedo aprendi a andar com os próprios pés.O impossível me atrai, a rotina me cansa e as surpresas conquistam. Parece simples, e é por isso que eu mantenho as aparências.Amo ler, ouvir música, fotografias e filmes em geral; odeio televisão e telefone.Adoro o que faço, com quem estou e onde vivo: apesar da saudade que se divide pelo mundo, não faria tanto sentido se fosse em quaquer outro lugar. :)

... o mais divertido nisso tudo é perceber o desespero e a angustia por não se saber qual a porta certa da saida de emergência.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Disso e daquilo

Da vida,
Os acasos
Que remexem o baralho
Trocando as cartas de lugar

Do tempo
A saudade,
Que revive as lembranças
Fazendo o presente mudar

Da distância,
A dor
Que rouba as palavras
Deixando-as perdidas no ar

Da estrada,
O medo
Que desaparece quase nunca
Brincando de esconder
A certeza de se estar...
Feliz.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A falta e o fundo do abismo. (parte 3)

Pela primeira vez, descartei as dúvidas que sempre moviam minhas ações. Desta vez, no entanto, havia o além de mim mesma: eu sentia a responsabilidade de ser motivo da felicidade, ou da falta dela, de alguém.
Era segunda. Mas se fosse sexta, não faria diferença: tudo continua igual.
Uma falta: de alguém, de um carinho, de alguma-coisa que eu não sabia explicar.
Uma falta de mim mesma. Fazia tempo que eu me passava despercebida, salvo as horas frente ao espelho onde a imagem continuava a mesma. Quem entenderia?
Eu havia caído no abismo na mesmisse e não sabia como sairia dele, ou quem poderia me tirar de lá. Incansavelmente, tentei dia por dia escalar as enormes paredes alagadiças que me rodeava, mas a gravidade me trapaceava sempre ao alcance do topo.
O otimismo nunca me faltou, apesar de toda a insegurança guardada no fundo da gaveta, eu sempre tive a certeza de que viria o melhor (até hoje é assim). Desisti, então, por um tempo.
Já havia perdido a noção das horas e dos dias em que ali estava. Presa a laços invisíveis e desconexos, seguindo as pisadas que encontrava no caminho, percebi que eu estava em segundo plano na minha própria história. A protagonista decorava os passos dos figurantes, enquanto estes brigavam entre si para ver quem ganharia o papel principal. Sorte: percebi a tempo.

terça-feira, 20 de maio de 2008

A certeza desnecessária. (parte 2)

A minha vida tinha uma rotina, uma estabilidade e, de certa forma, uma realização. Mas onde eu estava na minha própria vida? A intriga veio no instante depois, quando percebi que eu não fazia parte daquelas lembranças que foram deixadas. Não me reconheci em nenhum dos dias que haviam passado. Eu estava lá, mas eu apenas existia.
Todo o tempo eu sobrevivi durante a noite, quando eu mesma desenhava os meus passos, sem ninguém olhando por perto: pulando entre as nuvens, contando as estrelas e escondendo-me entre as cartas sem destinatários.
Eu adormeci durante três longos dias, quando finalmente me dei conta: era segunda-feira e eu acabara de voltar pra casa. Trazia comigo, porém, não a tristeza do início de semana, e sim a duvida do que teriam sido aqueles três últimos dias. A semana pareceu incompleta, e depois de sexta, ao invés do sábado, estava a segunda. Um castigo talvez pelas desobediências acumuladas: um dia ele teria de chegar, não?
Entrei em casa como se estivesse voltando da faculdade, e fui direto para o quarto. Esperta que sou, mostrei-me a felicidade em pessoa: minha mãe tão ansiosa não precisava ter de cara uma osmose de tristeza. Rodeada pelos personagens de minha vida, pensei em quem realmente era cada um. Cada um atrai para si o que acredita ser verdade, mas nem tudo que se acredita ser, de fato o é. Talvez essa fosse a diferença. Para mim, havia perdido o sentido, mas eu precisava de certezas.

(...) continua.

O novo dia e a velha memória. (parte 1)

Acordei sem lembrar de ontem. Revirando na cama, sem querer abrir os olhos, tentei prolongar aquele refúgio por mais alguns minutos. Foi em vão: era hora de acordar mesmo. O relógio marcava meio-dia, e quando me dei conta de que era de fato outro dia quase desisti.
Talvez se ainda fosse ontem eu pudesse trocar algumas coisas de lugar, ou caminhar pelo outro lado da rua, ao menos eu não teria lembranças. A certeza de levantar da cama sabendo de que agora são as consequências, e não as causas, pesa qualquer inicio (ou meio) de manhã. Mas eu era forte, ao menos em parte.
Levantei-me. Uma ducha bem gelada me faria melhor: renovaria as energias, como eu sempre digo. E renovou mesmo, até o diabo perceber o pensamento vazio e começar a degustar sua refeição. Foi aí que tudo se reproduziu, denovo, com os mais minuciosos detalhes. O que estaria fora do lugar?
(...) continua.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Maio/2008

Sob um céu de estrelas
escondidas nas sombras das nuvens,
tentamos caminhar despercebidos
pela voz dos olhos que nunca se cala.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

02.05.2008

Voltei, mas já sem perguntas. Talvez tenham sido as lentes dos óculos que foram trocadas, ou então o corte do cabelo que tirou da visão as pontas da franja, nem curta, nem grande. Por certo, afirmo que dessa vez quem escreveu, preencheu toda a irregularidade das linhas pela sabedoria, e, ali mesmo, na minha interpretação, tudo se foi dito.

terça-feira, 25 de março de 2008

17.03.2008

Eu, a mesma Menina

Menina dos olhos sonhadores
Que apontam pra lua,
Passeiam pelas estrelas,
Conversam com os anjos,
E se perdem no tempo

Menina do sorriso sapeca,
Que contagia a tristeza
Adormecem as bochechas
E escondem os olhos

Menina das palavras sutis,
Que diz sem ter dito
Falando calada
Da voz do silêncio
Por muitos não compreendido

Menina do gesto discreto,
Com carinho incessante
Mudando os caminhos
Das cruzadas perdidas
De outros ninguéns

Menina dos mil acasos
Mal casados, recém-separados
Que aplaudem antes do início
E esbarram na cortina fechada

Menina da própria infância
Que sempre transita na esperança
De pular aquele abismo
Perdido no disfarce
E temido por quem o ache

Menina de anos atrás
Da qual o espelho não esconde mais
É a mesma caminhando a frente
Sem medo de olhar pra trás

Menina em uma só mulher,
Perdida no seu tempo
Por ser a última ternura
Que os anos não roubam

Menina daqueles olhos,
Que vivem dormindo e sonham acordados
E caminham juntos, mesmo que separados
Numa distância que não existe,
Numa saudade que nunca acaba
Num par que não se divide.


(J. Acc.)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

06.01.2008

Eu acredito em duendes. E até mesmo em fadas e príncipes encantados chegando a cavalo branco. São os sonhos de menina pequena que nunca deixo nas lembranças e que preenchem os pensamentos vazios por tempo indeterminado e suficiente para se tornarem intensos. Sonhos são intensos, não são? Mesmo aqueles, decorrentes de comédia romântica ou história em quadrinho transformam-se numa fantástica realidade sem questionamentos.
A explicação torna-se desnecessária, uma vez que não há sabedoria que explique determinadas sensações, nem ignorância que não as entenda. Seria tão normal compreender, se estas não fossem antigas palavras que sobrevivem ao decorrer dos anos, e se estes não pertencessem a essa corrida maluca que é a vida. Os anos passaram, e como esse eu sobrevive a eles? Acumulando-se junto às lembranças fica quase impossível distinguir os momentos que procuro, pois já não tenho a certeza se foi antes daquilo ou depois daquilo-outro. Imaginei como poderia caber tanto, em tão pouco espaço que é a nossa mente, porque na minha cabeça de criança determinadas coisas só estariam vivas durante certo período, e depois tudo se assemelharia a pó, sem necessidade de reposição. Depois percebi: ninguém cresce o suficiente para que se percam na memória as alegrias ou tristezas vividas.
Eu já quis sair correndo o mais rápido possível para algum lugar que existisse só pra mim, não por egoísmo ou solidão,mas para estar comigo mesma e mais ninguém; ou onde houvesse tempo suficiente para eu própria me fazer feliz. Já quis voar além de todas as nuvens para poder ver lá de cima tudo o que há de mais bonito, e enxergar por um ângulo diferente o que todos querem tanto descrever. Tenho essa mania mesmo, de querer contradizer ou dizer de outro modo, não para fazer bonito ou ser diferente, mas é a tal coisa de nunca existir um só lado, sabe?
Eu já briguei com a noite ao achar que me castigava todas os dias, roubando-me os sonhos, aqueles, feitos de algodão doce e brigadeiro. Como também já quis ser noite pra sempre, para deixar de enxergar o redor que visto tão de perto causa medo.
Já quis também viver um sonho lindo: é quando tudo nos leva a uma única direção, em que a gente sabe o que é, mas queria que não fosse, e fica imaginando mil coisas que poderiam ser. Mas eu também já acordei, e me dei conta que a vida em si nunca pôde ser mais bonita.
Já morri diversas vezes durante toda a minha existência, só não me recordo se de todas as outras vezes eu senti tanta pressa. Não pressa de encontrar o outro lado, mas pressa de encontrar esse mesmo. Todos dizem que nessa idade é assim mesmo: queremos tudo, toda hora, sem medir conseqüências. Já agi sem pensar por diversos momentos, e isso é uma particularidade que permanece, felizmente ou infelizmente, não sei responder.
Eu já fui e ainda sou a minha própria lei, pois no meu mundo só há um lugar disponível, e este já está ocupado pelo direito que me foi dado de ocupá-lo. Complicado? Contudo, tenho um coração de mãe, e por onde passo, carrego o pedaçinho mais particular de cada um, é isso que prende as pessoas nas minhas lembranças, nas minhas saudades e no meu presente.
Diferente de tudo, eu estou em todos os lugares, ao mesmo tempo, repetidas vezes... Posso até ter irmãos, gêmeos ou não. Tenho uma família. Mas sou órfã de pai ou de mãe. Sou o reflexo de quem venceu e vence na vida, e vencerá durante toda a sua existência: eu sou o seu combustível e incentivo para que levantar após cada obstáculo que nos foi imposto.
E, por fim, o meu mundo se divide entre o que existe e o que nunca existiu, pois sobrevivo entre sonho e realidade: saltando entre as nuvens e tentando tocar as estrelas, dividindo com a lua o que ninguém mais é suficientemente ímpar para, pelo menos, respeitar.
É como andar no escuro e saber que nunca chegará lá pelo caminho que deveria ser percorrido, e aqueles velhos rostos conhecidos ficarão para trás, pois o que se nota são apenas alguns brilhinhos, cheios de carinho, respeito e amor. São os coringas que possuo na manga, e sou a mais sortuda do mundo por ter compreendido.

Juliana Accioly

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

17.12.2007

A cidade fechou os olhos. Por dois segundos me peguei parada na cadeira olhando ao redor, mas as pupilas ainda não tinham dilatado o suficiente para reconhecer aquilo que vejo todos os dias. A minha avó não gosta de escuro, eu esperava apenas o tempo suficiente para poder caminhar pela casa livremente, porém, antes disso, ouvi a sua voz me chamando, aliás, para apenas confirmar que eu estava mesmo ali por perto.
Fui até a sala e acendi a lanterna que fielmente todas as noites ela carrega até o sofá, por precaução. As pilhas, no entanto, estavam falhas, seria necessário apelar, pois a minha avó não é do tipo de pessoa que espera 3 minutos para que se faça o melhor, o suficiente feito em meio minuto é o seu limite. Então fui a cozinha, peguei o fósforo e a vela (é, ela também separa esses objetos como precaução, para quando as pilhas estiverem fracas, como dessa vez) e trouxe-os de volta à sala.
A luz laranja é o único modo de se enxergar nessa escuridão em que nos encontramos. Ela ali, na sua cadeira de balanço, com as pernas apoiadas na cadeirinha a sua frente, olhando para um nada, sem direção, mas com um turbilhão de pensamentos na cabeça. É assim que ela se encontra na maioria dos dias, pensativa. E eu gostaria de nessas horas poder saber o que estaria se passando, quais lembranças estaria revivendo e de quem é a saudade que sente.
Se o meu avô estivesse aqui ele contaria uma história, daqueles que têm uma moral quando chega ao fim, e que sempre me deixavam arrepiada, ou então uma de terror: creio que a minha cara apreensiva o divertia, mas ele nunca me deixara aflita, eu adorava.
Essa sensação é estranha, parece que a vida escorre pelos dedos e que esse próximo momento é menos uma oportunidade, menos um minuto.
Passeio entre os olhares de vidro que estão na minha sala, entre os corpos invisíveis que aqui descansam e entre o passado e o futuro que me criaram. Nunca fui sempre igual, mas ajo do mesmo modo. Não espero que as coisas aconteçam, nem escuto o que me dizem pra fazer; faço e falo sem medir as conseqüências, sem pensar. Costumo preferir o arrependimento pelos meus atos que pelas minhas vontades omitidas.
Não existe um meio termo: para cada momento há sempre duas possibilidades que no fim darão continuidade a estradas totalmente distintas, porém coerente. Não há uma volta, mas pode haver um conserto: erros implicam aprendizado, e isso é fato.

Olhe sempre para frente, sem, no entanto apagar as lembranças: estas nos dão forças e coragem. Cuidado, apenas, para não querer ver além do que se pode enxergar: em um longo caminho há períodos de luz e há a falta deles, há também as grandes projeções que veremos a frente, porém, não passam de imagens que, dependendo de quem olhe, ilude por tempo suficiente para a queda nunca ser esquecida. Não precisa dizer o que é, ou o que não é: faça apenas o melhor que pode ser feito: a própria consciência é a mais concreta prova de que você é a referência de si mesmo, e não a projeção a partir de outrem.

domingo, 9 de dezembro de 2007

"Criou-se um circulo vicioso, onde a demanda por cuidados com a juventude, a beleza, a forma física, a realização sexual e o bem-estar perene nutre-se da miséria econômica dos mais pobres e alimenta a miséria psíquica dos mais ricos.
O que era antes refúgio contra a dureza do mundo e espelho da moralidade, deu espaço a um conjunto de indivíduos que possuem a chave da mesma casa, como disse um humorista. A família virou palco de querelas entre adultos e adolescentes, pelo “direito à felicidade” ou à “relização do próprio desejo”, tornando-os mais intolerantes uns com os outros. O exercício da solidariedade é dinaminatado do topo à base." (Parte do texto "A ética democrática e seus inimigos")

Começo, por assim dizer, transtornada pela situação em que me encontro: de olhos abertos, diante de uma realidade omissa a tantos que se dizem críticos e bem resolvidos. Não sou uma coisa nem outra, pois para alcançar tal estágio de indignação nenhuma dessas qualidades teria efeito, a não ser retrógrado.
Já cansei de me perguntar e perguntar aos outros o que se faz, como se faz e onde se faz: se faz? Ninguém sabe responder. Não os culpo, pois seria bem injusto da minha parte atribuir culpa a ele ou a outrem. São as nossas raízes e atitudes (alias, a falta delas) que ficaram para trás e brotaram o que hoje temos de mais incoerente: diferença.
Esta, não se reflete nos gostos, nos modos nem nas opiniões. No entanto, se torna gritante ao comparar os direitos naturais dos seres humanos.
As pessoas já deixaram de acreditar que algum dia possa haver mudança e uma melhora em qualquer que seja o aspecto. Já deixaram de acreditar até mesmo naquele sentimento que é a base de todas as relações: sejam elas particulares ou profissionais. O amor já caminha entre futilidades e utopias, que muitas vezes já não se consegue nem mesmo projetar. Até mesmo o amor entre pais e filhos, uma vez que esse é tido como mera relação de necessidade e dever. É assim mesmo?
Hoje na missa do 2º Advento, no comentário liturgico, uma senhora fez um breve relato de uma suposta história que me chamou a atenção. A história, dita por ela como fato verídico, era contada às crianças que lá estavam. E isso me deixou feliz, pois me fez lembrar da minha época de historinhas com uma moral cujos dizeres sempre me deixavam pensativa. Senti-me com 7 anos de idade, deitava no sofá da sala, com o meu avó alisando meus cabelos e me contando uma das muitas para a minha coleção. Ele adorava. E eu também.
Pensei, então, que hoje, é isso que falta! Mas não foi o meu avô quem levou embora, simplesmente toda essa reciprocidade de alegria e satisfação perdeu-se num mundo onde a felicidade é buscada em lugares adversos, com 'tecnicas solucionadoras de problemas' ou em pessoas que você nunca viu antes.
Voltando à história da Igreja, a Senhora perguntou quem conseguia ver Jesus nbo proximo. Muitos levantaram a mão, no entanto, ela tornou a perguntar, mas acrescentou "Quem consegue ver Jesus no próximo que dorme nas calçadas cobertos com papelão?" As crianças que estavam sentadas nas duas primeiras filas ficaram pensativas. Elas consegueriam? Eu não as julgaria pela falta de resposta, afinal, quantas vezes olhamos com indiferença ao passarmos por uma cena semelhante?
Nós, ao não fazermos nada para ajudar, e, com o silencio, consentir com o tudo no mundo, damos direito e até mesmo a obrigação de todos eles, aqueles que nada têem, de agir na mesma proporção. Eles aprenderam bem a lição, e mostram seu aprendizado a cada que assaltam, matam, estupram ou sequestram. Li hoje, nesse mesmo texto, que eles aprenderam muito bem a lição que seus mentores, ou seja, nós mesmos, os ensinamos.
E todo o sentido de mundo, de união e fraternidade desaparece num piscar de olhos, devido a indiferença que todo ser humano trata as questões que não dizem respeito ao próprio nariz.
Será assim por muito tempo ainda, e eu não sei como muda.



No mundo em que se vive, já não se pode distinguir entre a “miséria econômica dos mais pobres” e a “miséria psíquica dos mais ricos”, uma vez que ambas padecem no vazio de um abismo semelhante.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Desafio

A inovação causa medo, inquietação e insegurança. Incontáveis são as vezes que me deparo com atitudes alienadas em virtude da falta de conduta diante de uma situação que peça diversidade: nós, desde pequenos, somos acostumados a seguir os mesmos passos dos que já foram, sem perceber, no entanto, que isso nos coloca exatamente no mesmo lugar. É mais ou menos como nadar contra a forte correnteza de um rio durante longos minutos, e perceber que ainda se encontra diante daquela estrela no fundo do mar.
A ilusão de crescimento que resulta dessas atitudes nos faz imaginar voando para longe quando na verdade não ultrapassamos meio metro do chão. Tal conseqüência, apesar de lógica, tornou-se quase imperceptível pela maioria das pessoas que me rodeiam: é a mesma mania inquietante de nunca seguir o lado de lá.
Que seja meu o primeiro passo, então, já que nos encontraremos logo ali - ou seria logo lá? - na frente. Sim, os caminhos das nossas vidas são como dois S invertidos, que se encontram e se separam a todo tempo: esse é o desafio.

sábado, 22 de setembro de 2007

(...)

Ele saiu puxando-a pela mão, como quem se arrisca primeiro ao perigo para livrá-la de qualquer eventualidade. Ela caminhava olhando sempre para o chão, observando toda a magnitude da harmonia entre seus pés, e pensando sobre coisas que não faziam sentido, não para aquela hora. Ele parou, olhou pra trás: eles se viram pela primeira vez denovo.
Não foi preciso falar mais nada. Naquele momento tudo ao redor explicava mais que qualquer palavra. A melodia soava aos ouvidos até mesmo de quem não queria ouvir, e o céu passeava tranquilamente. Eles tinham o mundo inteiro nas pontas dos dedos. Agora, não existia nada além...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

desconhecido

De repente fez-se noite e a menina dos olhos perdeu-se no tempo. O que dava-lhe vida fundiu-se ao redor, e em vão ela tateava as proximidades em busca de algo conhecido, mas o anátema que lhe estava proposto era imutável. Esmerou-se durante um longo tempo em desenhar tudo o que almejava naquele instante... parou então ao sentir o amuo externo ao qual tinha se colocado. Ela sentou com a única esperança de que alguma hora ele chegaria...