Eu, a mesma Menina
Menina dos olhos sonhadores
Que apontam pra lua,
Passeiam pelas estrelas,
Conversam com os anjos,
E se perdem no tempo
Menina do sorriso sapeca,
Que contagia a tristeza
Adormecem as bochechas
E escondem os olhos
Menina das palavras sutis,
Que diz sem ter dito
Falando calada
Da voz do silêncio
Por muitos não compreendido
Menina do gesto discreto,
Com carinho incessante
Mudando os caminhos
Das cruzadas perdidas
De outros ninguéns
Menina dos mil acasos
Mal casados, recém-separados
Que aplaudem antes do início
E esbarram na cortina fechada
Menina da própria infância
Que sempre transita na esperança
De pular aquele abismo
Perdido no disfarce
E temido por quem o ache
Menina de anos atrás
Da qual o espelho não esconde mais
É a mesma caminhando a frente
Sem medo de olhar pra trás
Menina em uma só mulher,
Perdida no seu tempo
Por ser a última ternura
Que os anos não roubam
Menina daqueles olhos,
Que vivem dormindo e sonham acordados
E caminham juntos, mesmo que separados
Numa distância que não existe,
Numa saudade que nunca acaba
Num par que não se divide.
(J. Acc.)
terça-feira, 25 de março de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)