quarta-feira, 27 de maio de 2009

Aqui, ali, ou do outro lado do mundo.

Ele disse que tudo isso seria bom pra eu ver se valeria a pena.. Mas é simples: "é só dar um passo adiante e olhar pra trás para perceber o que realmente importa".
Respondi que, para mim, só haveria duas formas de ser diferente: ou se eu tivesse desenhado uma imagem que nunca existiu, ou se deixássemos de caminhar juntos. Nunca fui o tipo de pessoa que realça as dificuldades a ponto de mudar de rumo, pelo contrário: são elas que fazem eu permanecer exatamente onde estou, ate que sejam superadas e surjam outras mais difíceis.

O valer a pena é resultado daquilo que construimos: ocupe o seu espaço... o resto é consequência.
É, eu não faria diferente.

Annie Jolie

segunda-feira, 25 de maio de 2009

As frases soltas

Não há um método: o resultado é obtido mediante uma inspiração inexplicada, quando você menos espera. Na maioria das vezes, isso me acontecera antes de dormir, e eu sempre lamentei o fato de, ao acordar, não lembrar sequer  o início do pensamento. Foi ai que tive a brilhante ideia: guardar em pequenos registros todos os pensamentos que me viessem a cabeça, seja qual fosse  horário, a fim de, num futuro próximo, torná-los em algo produtivo.
Frustrei-me ao perceber que, alguns deles, não teriam continuidade. Eram perfeitos em si mesmos, não admitindo nenhuma vírgula além. E agora? 
Por muito pouco, completado pela minha inquietude, quase apaguei tais arquivos que considerava incompletos. Até que ele chegou: Rubem Alves caiu nas minhas mãos e, enfim, derrubou minhas fichas. Ao relatar a mesma situação que ocorrera com ele e publicar um livro cujo conteúdo era justamente composto desses "pedaçinhos de vidros coloridos", decifrou em segundos o que sempre esteve em baixo do meu nariz: a completude não vem apenas de grandes pensamentos ou elaborações literárias complexas, mas, antes de tudo, das pequenas cenas cujo retrato guardam uma infinita beleza que infindaveis livros não alcançam.

As virgulas são essenciais, mas não ofuscam a completude de um belo ponto final.
"Não atire pérolas aos porcos..."


segunda-feira, 11 de maio de 2009

"... Mas ninguém sabe realmente o que as outras pessoas podem estar escondendo internamente, não se permitindo a livre expressão dos sentimentos." (Marianne Williamson)

sábado, 9 de maio de 2009

O tempo cada dia fica mais louco. Você sai de casa pra ir à praia e volta correndo embaixo da toalha, rezando pro vento não a carregar junto. Há semanas que meu quarto está sem cortina, e eu conto nos dedos os dias que amanheceram nublados. Pelo contrário, cada manhã de sol linda de meu 'bom dia' esses tempos... mas a chuva não dá trégua: demora, mas sempre aparece.
É o clima de inverno mais estranho que eu já vi, ou ao menos que eu já me lembre.

Posso adorar o clima de chuva, mas tem se tornado assustador a maneira como a água tem se revoltado. Sorte a minha que a garagem fica no playground, porque nos edifícios da redondeza nem mesmo os carros guardados têm escapado.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Engraçado, dessa vez eu não tive receios. Seria assim, e eu não me via/vejo sendo diferente. Basta desacelerar e a felicidade te encontra, num piscar de olhos, num abrir de girassóis... :)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Tribunal do Júri, 06 de Maio de 2009

Felizes as palavras de Carnelutti ao descrever um processo penal; ontem, presenciei um de perto, até o fim. Não sei se o cansaço advém dos atos intermináveis naquele plenário, ou dos fatos repetidos inúmeras vezes, sob óticas tão diversas.
Até que ponto se alcança uma verdade? Se eu mesma acredito que nem a minha verdade sou capaz de atingir, dirá outro alguém conseguir atingi-la. No entanto, deparei-me com essa incessante busca, desde o momento em que ali me dispus. 
Não era eu a ré. Mas quem garante até quando?

Resumidamente o litígio residia em um homício doloso, ou seja, em uma morte produto da intenção de matar. O local, uma lanhouse, ou uma residência, como frisava a parte da vítima: ambiente fechado onde apenas duas pessoas sabem o que aconteceu. Uma se encontrava lá, sendo julgada; a outra, já passou pelo julgamento divino, ou está passando. Mas creio eu que apenas a justiça terrena consiga protelar tanto o futuro de seus acusados. Isso se deu a dois anos.

Eu, que não me recordo bem o que almoçei na segunda-feira, imagine então se me recordaria do que comi há dois anos exatos: 7 de maio de 2008. O máximo que me lembro dessa data é que se parabeniza uma grande amiga, o que só não caiu no esquecimento pela sua feliz repetição todos os anos - repetição esta que espero conviver durante longa data.

Pois bem: testemunhas, acusado, ministério público. Para este, confesso, não é o primeiro nem o ultimo fato a ser vivenciado procrastinadamente em busca de uma solução. Já para o réu, era o único, ao menos no que tange a um homicídio - não entrarei no fato de processos paralelos.

Quatro testemunhas foram ouvidas;  para mim, quatro fatos aconteceram. Embora todos essencialmente caissem no mesmo litígio, a emoção, a descrição, os detalhes, a ênfase, tudo se modificara. Diante deles, deparei-me em profundas dúvidas. Nada ficou claro, no fim das contas.

Um homem morreu, deixando um herdeiro e uma viúva, juntamente com familiares indignados querendo uma justiça que se refletia na maxima pena que o acusado pudesse receber. Mas quem era o homem? Como ele vivia? O que fizera para atingir seu desafeto? Por que havia um desafeto?

Parei por aqui. As reflexões são muitas cuja conclusão não excede um único ponto: nunca serei apta a dizer o que é justiça, ou quem está diante dela. É o que deixo nas mãos de Deus.
Nas minhas, porém, cabe o mister de montar alguns detalhes do quebra cabeça; a interpretação deles, contudo, será da sorte de quem por este desafio ouse passar.

Eu me recuso.

Terá continuidade, cansei de pensar nisso por hoje.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Eu, uma coisa floreada.

Interessante: conceituando o que seria um documento no meio jurídico, é uma coisa que, por força da atividade humana, seja capaz de representar um fato por meio de símbolos. Linhas a frente do livro de processo civil e me deparo com um individuo - também chamado de autor - que considera, no entanto, as singelas exceções: "o documento poderá ser uma pessoa, como ocorre com aquele que possui tatuagens que eventualmente demonstrem a ocorrência de um fato". Segue-se, então, o exemplo de um filme da década de 50, onde uma mulher cujo peito era tatuado com uma flor foi a prova de adultério de um motorista de caminhão obcecado por flores, que também tinha o peito tatuado da mesma forma.
Seria eu tambem uma prova de adultério, ou por ser nas costas minha flor tonar-se-ia contraditória? Já não basta as pessoas serem minimizadas a miseráveis, mas daí ser comparado a coisa é demais!

Belo raciocínio, caro mestre; mas agradeço mais uma vez por minha área de atuação não ser uma regra absoluta.