terça-feira, 20 de maio de 2008

A certeza desnecessária. (parte 2)

A minha vida tinha uma rotina, uma estabilidade e, de certa forma, uma realização. Mas onde eu estava na minha própria vida? A intriga veio no instante depois, quando percebi que eu não fazia parte daquelas lembranças que foram deixadas. Não me reconheci em nenhum dos dias que haviam passado. Eu estava lá, mas eu apenas existia.
Todo o tempo eu sobrevivi durante a noite, quando eu mesma desenhava os meus passos, sem ninguém olhando por perto: pulando entre as nuvens, contando as estrelas e escondendo-me entre as cartas sem destinatários.
Eu adormeci durante três longos dias, quando finalmente me dei conta: era segunda-feira e eu acabara de voltar pra casa. Trazia comigo, porém, não a tristeza do início de semana, e sim a duvida do que teriam sido aqueles três últimos dias. A semana pareceu incompleta, e depois de sexta, ao invés do sábado, estava a segunda. Um castigo talvez pelas desobediências acumuladas: um dia ele teria de chegar, não?
Entrei em casa como se estivesse voltando da faculdade, e fui direto para o quarto. Esperta que sou, mostrei-me a felicidade em pessoa: minha mãe tão ansiosa não precisava ter de cara uma osmose de tristeza. Rodeada pelos personagens de minha vida, pensei em quem realmente era cada um. Cada um atrai para si o que acredita ser verdade, mas nem tudo que se acredita ser, de fato o é. Talvez essa fosse a diferença. Para mim, havia perdido o sentido, mas eu precisava de certezas.

(...) continua.

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